A DIVERSIDADE BIOLÓGICA ANGOLANA
II. FAUNA ANGOLANA
2.1. FAUNA AQUÁTICA DE ANGOLA
2.1.1. Grandes ecossistemas marinhos
Considerando os Grandes Ecossistemas Marinhos (video 1) (LME – Large Marine Ecosystem) traçados
mundialmente, que são áreas dos oceanos caracterizadas por uma distinta batimetria, hidrografia,
produtividade e interacções tróficas, Angola engloba em grande extensão da sua costa e partilha o
LME 29 (Grande Ecossistema Marinho da Corrente de Benguela) com a Namíbia e África do Sul (Figura 1). Este ecossistema é caracterizado por um clima temperado definido pela corrente de
Benguela (Large Marine Ecosystems of the World, 2003).
Video 1 - Ecossistemas Marinho
É um dos mais importantes centros de biodiversidade marinha e uma das áreas mais produtivas no mundo. Está considerado como sendo da Classe I, tendo alta produtividade (>300 gC/m² por ano), baseado na SeaWiFS estimativa global de produtividade primária. É ainda detentor de uma grande biomassa de peixes, crustáceos, aves e mamíferos marinhos, apresentando uma condição favorável para uma produção rica de pequenos pelágicos.
Video 1 - Ecossistemas Marinho
É um dos mais importantes centros de biodiversidade marinha e uma das áreas mais produtivas no mundo. Está considerado como sendo da Classe I, tendo alta produtividade (>300 gC/m² por ano), baseado na SeaWiFS estimativa global de produtividade primária. É ainda detentor de uma grande biomassa de peixes, crustáceos, aves e mamíferos marinhos, apresentando uma condição favorável para uma produção rica de pequenos pelágicos.
Outro grande ecossistema marinho a considerar na costa de Angola é o LME 28 (Grande
Ecossistema Marinho da Corrente da Guiné) que ocupa a totalidade da costa de Cabinda
(Figura 2). Este ecossistema é caracterizado por um clima inteiramente tropical e é também
considerado como sendo da Classe I, tendo alta produtividade (>300 gC/m² por ano), baseado na
SeaWiFS estimativa global de produtividade primária (Large Marine Ecosystems of the World,
2003).
Figura 1: Grande Ecossistema Marinho da Corrente Figura 2: Grande Ecossistema Marinho da Corrente da
Benguela (BCLME). Adaptado de LME of da Guiné (GCLME). Adaptado de LME of the the World (2003).
World (2003).
Nestes grandes ecossistemas há a salientar o oceano aberto e a linha da costa, englobando os
estuários, mangais, praias arenosas e rochosas de pouca profundidade e ilhas. Importa
referenciar que parte dos ecossistemas apontados são considerados como sendo zonas húmidas,
que são de grande importância para os processos ecológicos e pela fauna e flora que albergam.
2.1.2. Espécies marinhas e costeiras
De uma forma geral, não se conhece grande parte da biodiversidade existente em águas
territoriais angolanas, carecendo muitos grupos taxonómicos de uma descrição completa da sua
diversidade específica. Da biodiversidade conhecida, pode ser apontada a ocorrência de maior
informação para os peixes cartilagíneos, peixes ósseos, répteis, aves e mamíferos marinhos,
embora pouco se saiba sobre a sua ecologia e distribuição. De salientar também a ocorrência de
informação sobre uma flora diversificada de algas e angiospermas marinhas em águas de pouca profundidade, enquanto que pouco se sabe relativamente à taxonomia, distribuição e ecologia
destas espécies
Passaremos em revista a biodiversidade marinha de Angola, enunciando os principais grupos
taxonómicos e a forma como estão representados no país:
I. Plâncton: Composto por organismos de pequenas dimensões que flutuam ao sabor das correntes marinhas
o plancton inclui: - Fitoplâncton, Zooplâncton e Ictioplâncton
II. Invertebrados marinhos e costeiros: Informação específica sobre a fauna invertebrada marinha e costeira de Angola é muito
limitada. O valor comercial deste grupo, principalmente o de crustáceos, representa um elevado valor em receitas
para o país, o que de certa forma e pela falta de uma gestão adequada, tem contribuído para o
declínio de diferentes populações ao longo da costa. O mesmo acontece com alguns moluscos,
como o caso do bivalve mabanga (Arca senilis), onde a sua procura é elevada. A sua sobreexploração
como recurso, tem levado a uma considerável diminuição do seu stock na laguna do
Mussulo.
Espécies de invertebrados marinhos em risco
Na tabela seguinte se listam as espécies conhecidas de invertebrados que, em Angola, estão em
risco de conservação
III. Vertebrados: em relação aos vertebrados serão apresentadas as principais classes:
- Classe Chondrichthyes: Poucos são os dados existentes sobre a biologia e distribuição de Chondrichthyes nas águas
territoriais angolanas.
Espécies de cartilagíneos em risco
A tabela seguinte ilustra os peixes cartilagíneos ocorrendo em Angola e cujo estatuto de
conservação é reconhecido internacionalmente como estado em risco.
- Classe Osteichthyes: Devido às condições hidrológicas da costa de Angola, a fauna piscícola inclui tanto espécies
tropicais e sub-tropicais como espécies de águas temperadas.
Peixes ósseos em risco de conservação em Angola
A seguir se apresenta a lista dos peixes ósseos incluídos em categorias de conservação e que
ocorrem em águas angolanas.
- Classe Reptilia: Existem referências sobre a presença e nidificação das seguintes tartarugas marinhas na costa de
Angola (Figuras 3,4,5, 6 e 7).
- Tartarugas-marinhas:
- Tartaruga-de-couro (Dermochelys coreacia)
- Tartaruga-verde (Chelonia mydas)
- Tartaruga-careta (Caretta caretta)
- Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata)
- Tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea)
Figuras - Tartarugas. 3. Lepidochelys olivacea; 4. Caretta caretta; 5. Chelonia mydas; 6. Dermochelys coreacia e 7. Eretmochelys imbricata
Quatro das espécies de tartarugas marinhas reproduzem-se em
aproximadamente 439 km da linha da costa de Angola. Autores
referem que ainda é necessária a confirmação de nidificação da C.
Caretta. Actualmente, quatro das cinco espécies de tartarugas
marinhas reportadas para a costa de Angola estão mencionadas na
lista vermelha da UICN, catalogadas como espécies em perigo de
extinção, bem como nos apêndices da CITES e CMS.
A presença da C. mydas parece ser bastante frequente perto da foz do
Rio Cunene que é uma zona de considerada de crescimento e
alimentação.
Diferentes autores consideram que 54% da
linha da costa é propícia à desova de
tartarugas.
É provável que declínios populacionais de tartarugas marinhas estejam
relacionados com a destruição de habitats na costa de Angola. A caça e destruição de ninhos também pode ter contribuído para o declínio de
algumas espécies.
Note-se que ao longo da costa, ovos de tartarugas marinhas e a sua
carne constituem fonte de alimento e rendimento para comunidades
humanas aí residentes, especialmente para populações deslocadas
por motivos dos conflitos armados que decorreram no interior do
país.
IV. Aves marinhas
A presença e abundância de aves marinhas e costeiras entre
a região de Cabinda (norte de Angola) e foz do Rio Cunene
(sul de Angola) tem sido muito pouco evidenciada. No
entanto, estas podem ser encontradas em zonas húmidas,
tais como lagunas, baías, estuários, mangais, ilhas, e também
em oceano aberto. Podem ser referenciados ainda dois
estudos específicos que fornecem alguns dados de
abundância do pinguim do cabo (Spheniscus demersus) (Figura 8) e sua
distribuição, ocorrendo como um nómada, para o norte, até ao
Gabão e do alcatraz-do-cabo (Morus capensis), que ocorre
como um visitante regular do inverno em águas
angolanas.
Figura 8 - Penguim - Spheniscus demersus
2.1.3. Outros ecossistemas aquáticos
I. Estuários
Os estuários são áreas costeiras estabelecidas pela desembocadura dos rios no mar e abrangendo toda a área de intrusão de água doce e salgada, criando um sistema particular. Eles retêm areia, argila e matéria orgânica morta da parte continental e do oceano. (video 2 e 3)
Muitos animais encontram nos estuários alimentação na matéria orgânica suspensa e nas plantas verdes. Os animais das regiões estuarinas incluem bivalves, camarões, caranguejos e peixes.
Video 2 - Ecossistemas marinho
No entanto, muitas espécies de peixes marinhos utilizam os estuários como locais de viveiros de reprodução.
Video 3 - Ecossistemas marinho
Dos sistemas mais significativos ao longo da costa de Angola, destacam-se o do Rio Congo, Rio
M´bridge, Rio Dande, Rio Kwanza, Rio Longa, Rio Cuvo e Rio Cunene. Há que frisar que o Rio
Congo possui o sistema de estuário mais extenso e mais complexo de todos os sistemas fluviais
que correm para o oceano Atlântico.
Aspectos preocupantes e que afectam a biodiversidade nos estuários relacionam-se com
problemas de sedimentação, poluição e sobre-exploração dos recursos, agravada pelo uso de
práticas de pesca inadequadas para estes sistemas. De ressalvar, a completa ausência de
fiscalização para o controlo e manutenção destas áreas.
II. Mangais
Em Angola, os mangais representam cerca de 0,5% da fitocenose total (Azevedo, 1970), com
aproximadamente 1250 km² (Booth, et al., 1994), localizando-se a maior concentração no estuário do Rio Congo a norte de Angola e no estuário do Rio Kwanza.
Florestas de mangal estão bem desenvolvidas em Cabinda, nas reentrâncias profundas da Baía de Chicamba e no estuário do Rio Chiloango. Eles também ocorrem na pequena Baía por trás da Ponta Malembo e perto da cidade de Cabinda. A maior extensão de mangais angolana encontrase na margem Sul do estuário do Rio Zaire. Existe uma faixa contínua de mangais com um comprimento de 35 Km e uma largura de 13Km cobrindo cerca de 27 300 ha. Da foz do Rio Zaire, a costa arenosa prolonga-se na direcção Sudeste e não tem mangais excepto nos estuários dos Rios Lucunga, M'Bridge (, Sembo, Loge, Uêzo , Onzo , Lifune , Dande e Bengo/Zenze.
Os mangais (Fig. 9) também ocorrem ao longo do litoral Baía de Mussulo que é protegida da influência do mar aberto pela Restinga as Palmeiras. A Sul da Baía de Mussulo mangais ocorrem somente nas fozes dos Rios Kwanza , Longa , Cuvo , Cambongo, Cubal e Balombo. A formação de mangais na foz do Rio Catumbelo, entre Lobito e Benguela, marca o limite meridional da sua ocorrência na costa do Oeste Africano. Os mangais na costa de Angola pertencem á zona florística do Atlântico oriental, neles ocorrendo as seguintes espécies:
- Rhizophora racemosa
- Rhizophora harrisonii
- Rhizophora mangle
- Avicennia nitida
- Laguncularia racemosa.
Figura 9 - Mangais
III. Praias arenosas
As praias arenosas são estreitas parcelas de areia que se estabelecem entre o mar e a terra. Ao longo da costa angolana, estas são de origem marinha e continental, existindo secções extensivas de praias que normalmente não são mais do que cerca de 100 m de largura e relativamente íngremes, com uma grande expressividade na região norte, desde Cabinda até Benguela, e em quase toda a extensão do Namibe até à foz do rio Cunene.
Somente acima do nível máximo da maré-alta (em cristas de praia de 1 -5 m) ocorrem plantas com uma caracterização típica de espécies herbáceas rizomáticas e prostradas tais como a Ipomoea stolonifera, Ipomoea pescaprae, conhecida pelas suas folhas alucinogénicas, a Canavalea rosea, Canavalia maritima, Cyperus maritimus, Alternanthera maritima e a Scaevola plumieri. Em dunas baixas, cobertas por vegetação densa e baixa, a Chrysobalanus icaco e a Dalbergia ecastophyllum encontram-se frequentemente presentes (Prins, Reietsma & Zieren, 1989).
Do ponto de vista sócio económico, as praias arenosas revelam-se extremamente importantes, sendo por um lado, um importante aspecto de atracção turística e, por outro, fonte de areia para a construção. Por esta razão e pela falta de controlo e má gestão, tais áreas têm sido afectadas negativamente por intervenções humanas, associadas à remoção de areia em grande escala para construção, à construção em locais impróprios e à poluição.
IV. Praias rochosas
As praias rochosas existem onde o efeito das ondas no contorno do litoral é principalmente
erosivo, transportando os materiais inconsolidados e deixando as rochas expostas. De notar que, onde há declive, há variedade de meios habitáveis: praias expostas, penhascos protegidos, poças de maré, areia dentro de fissuras ou sob seixos.
Ao longo da costa de Angola faz-se sentir uma maior distribuição de praias rochosas, a partir da região do Sumbe até à cidade do Namibe. Para norte da cidade de Luanda encontramos as praias rochosas da Barra do Dande.
V. Oceano aberto
O oceano aberto estende-se para trás da área costeira e pode ser dividida em diferentes áreas. Assim, encontramos até à profundidade de aproximadamente 200 m a Plataforma Continental; entre o declive da plataforma continental e grandes profundidades (aproximadamente 3500 m), encontramos o Talude Continental; na região acima desta profundidade encontramos a área Abissal (Figura 11 e 12). Ao longo do espelho de água encontramos a zona nerítica que cobre a plataforma continental, com a área epi-pelágica que fica perto da superfície e mesopelágica ao meio. E a oceânica que se estabelece além da plataforma continental, compreendendo uma zona eufótica que se estabelece até à penetração da luz solar na coluna de água e cobrindo a área batipelágica e abissal-pelágica. Sobre estas últimas áreas, muito pouca ou quase nenhuma informação está disponível para as águas territoriais angolanas.
VI. Ecossistemas ribeirinhos
Zonas de nascentes, áreas de captação de águas, florestas de galeria, planícies de inundação e outros sistemas fluviais constituem um conjunto de ecossistemas denominados ribeirinhos. Alguns destes ecossistemas poderão com áreas pantanosas e planícies de inundação serão tratados como zonas húmidas não existindo um critério rigoroso que separe estas regiões ecológicas.
Sabe-se que a riqueza hidrológica de Angola está associada a um enorme leque de diversidade biológica. Al maior parte dessa biodiversidade foi sendo tratada ao longo das secções anteriores.
Trataremos aqui apenas dos peixes das águas interiores e dos anfíbios.
VII. Zonas Húmidas
Ao longo do curso médio do Rio Cunene e próximo da sua confluência com o Rio Calanga, ocorrem extensas planícies de inundação (“as planícies de Cunune”). Durante a estação chuvosa podem ser inundadas áreas superiores a 150 000 ha em cerca de 150 km ao longo do rio e com uma largura máxima de 15 km.
Estreitas planícies de inundação ocorrem ao longo do curso médio do Rio Cubango entre as
latitudes 15º05' - 16º03'S. As planícies de inundação mais vastas são conhecidas como Mulola Chioca/Mulalo Camondo e Mulola Lueque/Malalo Cune com uma largura máxima de 3 km.
As maiores planícies de inundação ocorrem no Rio Cuando, ao longo da fronteira com a Zambia. No pico de inundação, são cobertos pela água mais de 200 000 ha numa largura de cerca de 15 m. Imediatamente antes da confluência com o Cuando, o Rio Luiana atravessa um grande pântano de 40 km de comprimento e de mais de 16 km de largura que atinge uma área de 40 000 ha na estação chuvosa.
O Rio Kwanza drena uma bacia de 145.917 km2. Na confluência dos rios Luando e Kwanza
próximo de Jimbe na província de Malanje existem extensas planícies de inundação, principalmente no rio Luando (Fig. 10). Extensas planícies de inundação costeiras e lagoas ocorrem nos rios Bengo, Kwanza e Longa. Uma lagoa de 19 km de comprimento ocorre no rio Bengo imediatamente a montante do seu delta. Existem vários lagos no baixo Kwanza, o maior dos quais sendo o Lago Negolame.
Vastas zonas húmidas ocorrem na região central do interior de Angola. Esta área pantanosa é drenada por cerca de 25 rios que fluem principalmente para o este em direcção ao rio Zambeze. Entre estes dois rios (os rios Chemfumgage e Luena) ocorrem vários lagos num pântano extenso no Parque Nacional da Cameia.
IV. Praias rochosas
As praias rochosas existem onde o efeito das ondas no contorno do litoral é principalmente
erosivo, transportando os materiais inconsolidados e deixando as rochas expostas. De notar que, onde há declive, há variedade de meios habitáveis: praias expostas, penhascos protegidos, poças de maré, areia dentro de fissuras ou sob seixos.
Ao longo da costa de Angola faz-se sentir uma maior distribuição de praias rochosas, a partir da região do Sumbe até à cidade do Namibe. Para norte da cidade de Luanda encontramos as praias rochosas da Barra do Dande.
V. Oceano aberto
O oceano aberto estende-se para trás da área costeira e pode ser dividida em diferentes áreas. Assim, encontramos até à profundidade de aproximadamente 200 m a Plataforma Continental; entre o declive da plataforma continental e grandes profundidades (aproximadamente 3500 m), encontramos o Talude Continental; na região acima desta profundidade encontramos a área Abissal (Figura 11 e 12). Ao longo do espelho de água encontramos a zona nerítica que cobre a plataforma continental, com a área epi-pelágica que fica perto da superfície e mesopelágica ao meio. E a oceânica que se estabelece além da plataforma continental, compreendendo uma zona eufótica que se estabelece até à penetração da luz solar na coluna de água e cobrindo a área batipelágica e abissal-pelágica. Sobre estas últimas áreas, muito pouca ou quase nenhuma informação está disponível para as águas territoriais angolanas.
VI. Ecossistemas ribeirinhos
Zonas de nascentes, áreas de captação de águas, florestas de galeria, planícies de inundação e outros sistemas fluviais constituem um conjunto de ecossistemas denominados ribeirinhos. Alguns destes ecossistemas poderão com áreas pantanosas e planícies de inundação serão tratados como zonas húmidas não existindo um critério rigoroso que separe estas regiões ecológicas.
Sabe-se que a riqueza hidrológica de Angola está associada a um enorme leque de diversidade biológica. Al maior parte dessa biodiversidade foi sendo tratada ao longo das secções anteriores.
Trataremos aqui apenas dos peixes das águas interiores e dos anfíbios.
VII. Zonas Húmidas
Ao longo do curso médio do Rio Cunene e próximo da sua confluência com o Rio Calanga, ocorrem extensas planícies de inundação (“as planícies de Cunune”). Durante a estação chuvosa podem ser inundadas áreas superiores a 150 000 ha em cerca de 150 km ao longo do rio e com uma largura máxima de 15 km.
Estreitas planícies de inundação ocorrem ao longo do curso médio do Rio Cubango entre as
latitudes 15º05' - 16º03'S. As planícies de inundação mais vastas são conhecidas como Mulola Chioca/Mulalo Camondo e Mulola Lueque/Malalo Cune com uma largura máxima de 3 km.
As maiores planícies de inundação ocorrem no Rio Cuando, ao longo da fronteira com a Zambia. No pico de inundação, são cobertos pela água mais de 200 000 ha numa largura de cerca de 15 m. Imediatamente antes da confluência com o Cuando, o Rio Luiana atravessa um grande pântano de 40 km de comprimento e de mais de 16 km de largura que atinge uma área de 40 000 ha na estação chuvosa.
O Rio Kwanza drena uma bacia de 145.917 km2. Na confluência dos rios Luando e Kwanza
próximo de Jimbe na província de Malanje existem extensas planícies de inundação, principalmente no rio Luando (Fig. 10). Extensas planícies de inundação costeiras e lagoas ocorrem nos rios Bengo, Kwanza e Longa. Uma lagoa de 19 km de comprimento ocorre no rio Bengo imediatamente a montante do seu delta. Existem vários lagos no baixo Kwanza, o maior dos quais sendo o Lago Negolame.
Vastas zonas húmidas ocorrem na região central do interior de Angola. Esta área pantanosa é drenada por cerca de 25 rios que fluem principalmente para o este em direcção ao rio Zambeze. Entre estes dois rios (os rios Chemfumgage e Luena) ocorrem vários lagos num pântano extenso no Parque Nacional da Cameia.
Fig. 10 - Planicies de inundação e pantanal
VIII. Fauna associadas a ecossistemas aquáticos não-marinhos ou de transição
Peixes
Angola possui uma variedade enorme de espécies de peixes que estão distribuídas pelos vários, rios, riachos, lagos, lagoas, e albufeiras. Essa biodiversidade fornece uma base para actividades de aquacultura que, para além do interesse económico, permitem reduzir a pressão sobre os ecossistemas naturais.
As espécies de maior cultivo, e de maior valor comercial, são as várias espécies de Cacusso (família Tilapia), várias espécies de Bagre, Clariallabes platyprosopos (Família Clariidae) e da Tukeya, nome dado as espécies de peixe miúdo, da região do Cassay, englobando as seguintes: Barbus viviparus, Barbus puellus, Aplocheilichthys gohnstonii e Pelmatocromis-ruweti. Esta variedade de peixe é encontrada na região das Anharas alagáveis das linhas hidrográficas do Luena e do Chifumaje, que se transformam periodicamente em zonas piscatórias.
Quantidades fabulosas de ovos de espécies não superiores a sete cm de comprimento, que permanecem nos pântanos, originam o repovoamento por cada ano, logo que a anhara é inundada pelo alagamento estacional.
A pesca da tuqueia, a par da contribuição importante que presta a alimentação das populações, daquela zona e das zonas limítrofes, constitui uma considerável fonte de receita comercial.
Referenciando enorme variedade, de espécies que Angola possui, nos rios Cunene, província do Cunene), Cuangar (província do Kuando Kubango), Cutato, Cuito, Kwanza, (Bié) estão identificadas algumas espécies como o Langbeard Barb. (Barbus unitaeniatus) ou o Barbes bifrenatus, o Barbus brevidorsalis, Barbus Thamalakanansis, Shorthead Barb (Barbus brevicep), Barbus barotseensis Pellegrin, Barbus Lineoxmaculatus.
Na província do Moxico, rios, Cuito, Luando, Lungue Bungo, e Luena, estão identificadas as seguintes espécies, Family Kneriidae (Kneria polly Trewavas), Familia Genus Mormyros (Mormyrus Lacerd) outras por identificar, é recomendável, fazer um levantamento das mesmas.
Nas províncias do Kuando Kubango, e Cunene rios Cubango, Cuangar, Lomba, Luengue, e Cunene, encontram-se as seguintes espécies Cubango Kneria (Parakneria fortuita) Petrocepphalus catostoma, Polimyrus castelnani, Hemgrammocharax multifasciatus, Hemigrammocharax pellegrin. Ë recomendável o levantamento das várias espécies. Nas províncias do Planalto Central rios Kwanza, Lucala, Longa, Cutato, Cunhinga, as espécies destes rios são na sua maioria idênticos aos dos rios, Cubango Cuangar, Lomba e Cunene.
Anfíbios
Não existem estudos completos e actualizadas que cubram todo o território angolano no domínio da diversidade de anfíbios. Foram até à data identificados 99 diferentes espécies espécies. As seguintes 19 são consideradas endémicas.
Fonte: Global Amphibian Assessment-World Conservation Union, 1999
Répteis
Outras espécies de répteis associados a ambientes aquáticos e presentes nos principais estuários desde Cabinda à foz do Rio Cunene, são os crocodilos (Crocodylus niloticus) e as tartarugas do Nilo (Trionyx triunguis). Esta última, foi reportada para a região da foz do Rio Cunene em 1996, com uma população estimada em três (3) animais por quilómetro.
Em suma, estes outros répteis ocorrem em ecossistemas litorais:
- Tartarugas de água doce presentes em estuários
- Tartaruga do Nilo (Trionyx triunguis) (video 4 e 5)
Video 4 e 5 - Tartaruga do Nilo (Trionyx triunguis)
CONTINUA....
3.6. Referências Bibliográficas
CONTINUA....
3.6. Referências Bibliográficas
Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural e Ministério do Urbanismo e Ambiente. Política Nacional de Florestas, Fauna Selvagem e Áreas de Conservação. Disponível em: http://www.fao.org/forestry/15699-09d1109e2f4c272d5307ac26207cc07ae.pdf Acesso: 26 de Abril de 2017
Ministério do Urbanismo e Ambiente de Angola. Estratégia e Plano de Acção Nacionais para a Biodiversidade (NBSAP) 2007 - 2012. Disponível em: https://www.cbd.int/doc/world/ao/ao-nbsap-01-pt.pdf Acesso em: 26 de Maio de 2015
Ministério do Urbanismo e Ambiente de Angola. Estratégia e Plano de Acção Nacionais para a Biodiversidade (NBSAP) 2007 - 2012. Disponível em: https://www.cbd.int/doc/world/ao/ao-nbsap-01-pt.pdf Acesso em: 26 de Maio de 2015
Ministério do Urbanismo e Ambiente de Angola. Primeiro Relatório Nacional para a Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica. Disponível em: https://www.cbd.int/doc/world/ao/ao-nr-01-pt.pdf Acesso em: 26 de Maio de 2015
Fantastic...
ResponderEliminarMuito interessante Dr. Pedro, parabéns pelo trabalho!!!!
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